A Associação Renovar a Mouraria organizou uma acção de protesto: Cordão Humano pelo Martim Moniz. O Movimento Morar em Lisboa foi coorganizador.
https://www.facebook.com/events/298128634075090/
Lê-se na convocatória:
“As obras na Praça do Martim Moniz já começaram.
A comunidade expressou consensualmente o seu desagrado relativamente a um projecto de concessão a privados para a implementação de um espaço comercial na Praça;
A comunidade quer e precisa de um espaço verde, minimizador dos danos do ruído urbano e das dinâmicas de pressão turística que afectam fortemente a qualidade de vida em meio urbano;
O território não precisa de mais espaços de comércio e restauração, o território precisa de espaços que propiciem o bem estar das pessoas e das famílias, onde as crianças possam brincar em segurança.
Vamos demonstrar publicamente o nosso desagrado com esta concessão e com o projecto que se pretende implementar.
Vamos exigir à Câmara Municipal de Lisboa que reveja a concessão e que vá de encontro ao desejo da comunidade que ali mora e trabalha.
Vem dar as tuas mãos a esta causa, por um Martim Moniz e por uma cidade construída pelos cidadãos.”
A notícia no Jornal Público
“Queremos um jardim”, gritou-se no Martim Moniz
“Chegaram com folhas em branco e canetas pretas e foi ali mesmo, no chão da Praça do Martim Moniz, que escreveram as mensagens que depois afixariam nos tapumes da obra iniciada há duas semanas, contra a qual vieram protestar. Algumas dezenas de pessoas juntaram-se na tarde deste sábado para dizer que não querem um novo mercado na praça e exigir que a Câmara de Lisboa faça antes um jardim.
O protesto, em forma de cordão humano que rodeou a placa central do Martim Moniz, foi convocado pela associação Renovar a Mouraria, que assim, num gesto que lhe é raro, tomou uma posição pública contra o mercado idealizado pela nova concessionária do espaço.
“Aquilo que nós sentimos foi o desagrado total da comunidade relativamente a este projecto”, explicou Inês Andrade. “A Lisboa de há dez anos não é a Lisboa de hoje. Estamos fustigados com barulho e restauração.”
Pelas 16h desenrolou-se um cartaz extenso, segurado por inúmeras pessoas, que o tentavam exibir aos automobilistas e turistas de passagem. “A CML tem o dever e obrigação de respeitar a democracia e a vontade dos lisboetas. Queremos um jardim público. Lisboa não está à venda. Lisboa é de todos”, podia ler-se. O cartaz não ficou inteiro por muito tempo, mas os participantes deram as mãos e circundaram o espaço, gritando “A praça é nossa!”.
Na iniciativa estiveram presentes, mas fora do cordão humano, vereadores do CDS, PSD e PCP, bem como pelo menos uma deputada municipal do BE. Todos estes partidos estão contra o projecto e criticam a forma como o executivo de Fernando Medina tem lidado com o assunto.
O urbanista João Seixas, que foi apoiante da candidatura de Medina nas últimas autárquicas, foi também um dos presentes. “Devia haver uma gestão pública de um espaço público de excelência como é este”, afirmou. Referindo-se ao Martim Moniz como “espaço charneira” na cidade, Seixas sublinhou que a praça “deve ser exemplar na sua gestão pública, assim como é na sua posição geográfica”, e deve ter “as funções que a cidade e os seus representantes elejam”.
“Parece que está tudo à venda e que qualquer empresa com dinheiro chega e faz”, criticou Alexandre Cotovia, do Grupo Gente Nova, uma pequena colectividade da Mouraria que hoje funciona “maioritariamente como espaço de convívio” e onde chegam os anseios e preocupações dos moradores.”
https://www.publico.pt/2019/02/02/local/noticia/queremos-jardim-gritouse-martim-moniz-1860498