124,123,122, cada manhã conto os dias que faltam. Cada dia vale um ano. Cada semana é uma eternidade. Tenho 72 anos.
NÃO, o seu contrato não será renovado. Entregue as chaves no dia ……. Não são precisas razões. A carta chegou, registada, através de uma sociedade de advogados Passaram 4 anos. Vim para esta casa com um senhorio que tal me propôs. Vendeu o prédio. A uma Sociedade. Soube que o anterior prédio em que vivia, perto daqui, também foi vendido. E a verdade é que ainda nem desfiz alguns caixotes que de lá trouxe.
Descobrimos então o HORROR da actual LEI DAS RENDAS. Do governo da troïka. Nenhum direito, absolutamente nenhum. A falta de informação é geral. Muita gente pensa estar “protegida” por ter mais de 65 anos. Engano. Já não existe tal norma. E os mais novos? E todos?
Resta procurar no mercado inflacionado, de preços galopantes, fora de qualquer lógica de troca de serviços (quem paga e quem recebe). Em concorrência com todos os que chegam de países mais ricos e arrendam mais caro. Para nós, não há respostas. Contratos de 3 anos, em que tudo pode recomeçar, tal e qual como agora.
Pergunto ao meu país, ao governo, ao município: ninguém se apercebe do que se passa? Do medo que se instalou? Dos direitos só dum lado? É urgente mudar a LEI DAS RENDAS. Estou nessa luta.
Ana Benavente, Lisboa, ano 44 da democracia
12 thoughts on “O testemunho de Ana Benavente”
ninguém está protegido depois da Lei Cristasm na semana passade um senhor que vivia ha mais de 40 anos numa casa foi despejado
Uma vergonha, esta especulação imobiliária desenfreada, com o argumento do mercado livre (para quem?) que protege os proprietários, a coberto de uma lei de rendas injusta, aprovada em tempo de recessão e de necessidades vitais da população. E o que faz a autarquia neste campo, já que, das pracetas e das ciclovias, não se esqueceu? Uma cidade para turistas, que despreza os seus residentes, a troco da “galinha dos ovos de ouro” de um lucro temporário. Uns tristes, os gestores da nossa vida pública.
as leis ,como deve saber são feitas baseadas em grupos de interesse,dado que o interesse geral é uma figura de estilo e as mafias que dominam não deixam nada de fora ,nada que dê dinheiro ,bem entendido….procure entre os deputados quem teve interesse nisso e denuncie,mas denuncie mesmo
Revoltante, indigno que num país dito democrático não existam leis que protejam os inquilinos!!!
A reforma dela nao deve chegar para pagar a renda. Mais uma que vive dos rendimentos de quem realmente trabalha e se vem queixar. Isto e Portugal.
E nunca teve dinheiro para comprar uma casinha pequenina… devia ter vergonha, alguem que deve ter uma reforma que o resto dos mortais nem num ano inteiro recebem…. informações retiradas da internet””” Ananavente fez toda a sua formação académica na Suíça e é doutorada, desde 1985, em Ciências da Educação pela Universidade de Genève. Investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa na área da Educação, após vários anos ligada à formação de professores na Faculdade de Ciências de Lisboa. Aposentou-se em 2009.Vice-presidente (eleita pela Europa) do Conselho Geral do BIE (Bureau International de I’Education), UNESCO, Genève (2001-2005). Membro do Comité do CERI (Centre pour la recherche et l’innovation) da OCDE (1996-2002). Deputada à Assembleia da República (1995-2005). Foi Secretária de Estado da Educação (1995-2001), nos XIII e XIV governos constitucionais.
Representante governamental junto de agências internacionais na Europa, África, América, Austrália e Japão. Com uma vasta obra publicada e centenas de participações em Colóquios, Conferências e Congressos, nacionais e internacionais. Actualmente, prossegue actividades de consultoria internacional e é professora na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, nos cursos de mestrado e doutoramento.
Pode sempre comprar uma casa e fica com direitos todos.
Pelo que li o seu contrato é de quatro anos e vai durar 4 anos. O proprietário quer a casa para uma coisa qualquer e você não faz parte da equação. Ninguem a está a colocar na rua. Apenas um contrato que existe e pelos vistos vai ser cumprido.
Ainda que houve o 25 de Abril para podermos ter contratos que as partes levam até ao fim de forma democratica. Para continuar era preciso as 2 partes estarem de acordo, o que não acontece. Os direitos estão dos 2 lados.
Revoltante é a distinta lata de Ana Benavente para mentir neste artigo! Talvez queira informar toda a gente quanto é que era a sua renda antiga e o seu rendimento…
Mas se não investiu o SEU dinheiro, porque exige viver na casa comprada com o dinheiro dos OUTROS? Acha mesmo que é legítimo decidir o que fazer com os bens alheios, casa, carro, terrenos, a seu bel prazer e sem direitos para quer investiu, tem de manter e de pagar impostos?
Não se admite num país democrático.
Em Abril 1974 já tinha 24 anos e uma filha.
Do que vivi antes, só posso associar este horror ao fascismo. E esse nunca mais !!!
Portanto no seu entender, um proprietário é por si só logo à partida um ganancioso, e um inquilino tem por si só direito a viver na mesma habitação a vida toda, independentemente do seu vencimento/reforma e regalias como é o caso desta senhora e independentemente do valor da renda! Por isto é que as cidades estavam ao abandono e a cair de podres, o Direito à habitação está na constituição mas é o Estado e não os particulares que tem o Dever de garantir o acesso aos cidadãos!!! Quem tem reformas astronómicas nunca iria ter apoio do estado, mas querem viver à custa de particulares!!! Por isso é que estas pessoas dão a cara, e aproveitam-se de quem realmente necessita de ajuda! Ajuda essa que é o Estado que tem de providenciar!
Aconteceu-me exactamente o mesmo. Encontrei como alternativa uma casa partilhada. Contrato de confiança, por baixo da mesa. É a outra face da moeda.Na prática, o senhorio decide tudo.